O segundo dia do Brasil Investment Forum dedicou um painel para debater os novos rumos do sistema financeiro no Brasil, o protagonismo do país na área de Fintechs, e as medidas que devem ser tomadas para dar ainda mais segurança aos investidores privados.
Como dar condições para o Brasil se modernizar de forma inclusiva, competitiva e transparente foi o eixo central das discussões ocorridas no painel “Democratização do Sistema Financeiro: Agenda #BC”, que reuniu representantes do setor público e privado durante o Brasil Investment Forum, que está em seu segundo dia de realização (11 de outubro), em São Paulo.
Henrique Bredda, gestor do Fundo Alaska, mediou as discussões, instigando os participantes a debaterem os rumos que o país precisa tomar e o que vem sendo feito para que o sistema financeiro favoreça o crescimento do país e torne o Brasil ainda mais atrativo para os investidores internacionais. O painel contou com a participação do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, Sérgio Furio, presidente da Creditas, David Vélez, sócio fundador do Nubank, Willem Sutherland, CEO do ING Bank e Octávio de Lazari Junior, CEO do Bradesco.
Campos Neto destacou que o Brasil pretende se modernizar nos próximos anos, tornando o sistema brasileiro mais inclusivo, competitivo, transparente e dando mais educação financeira à população. “Nos próximos anos, o microcrédito deverá ser estimulado, bem como o cooperativismo. Vamos incentivar essas modalidades de acesso a crédito, além de trabalhar para remover o entulho histórico e burocrático de fazer uma transação em outra moeda no Brasil”, disse. “Outro ponto que está no radar do Banco Central é o pagamento instantâneo. Queremos um sistema pronto para executar isso no final de 2020. Estamos em metamorfose. Mas dessa vez queremos nos transformar com dinheiro privado, e não público. E vamos dar as condições para que o setor privado possa fazer isso acontecer”, pontuou o presidente do Banco Central do Brasil.
O avanço das fintechs no mercado brasileiro foi o principal tema trazido pelo CEO da Creditas, Sérgio Furio. Ele ressaltou o aumento de consumo de crédito pela classe média brasileira. “Atualmente é muito mais barato consumir crédito no Brasil, pois os juros têm caído e, com o aumento de atores do sistema financeiro e avanço das fintechs, isso se torna mais fácil”, disse ele. “Não precisa haver uma dicotomia entre bancos e fintechs. As duas empresas têm formas diferentes de atuar e o Banco Central brasileiro viu oportunidade em regulamentar as fintechs e dar um novo fôlego ao sistema financeiro brasileiro, agindo acertadamente”, avaliou.
David Vélez, sócio fundador do Nubank, trouxe para a mesa de discussão a importância de o Brasil ter mais atores no sistema financeiro. Ele lembrou do motivo que o fez empreender: a dificuldade de abrir uma conta bancária quando chegou ao Brasil. Para ele, o foco no cliente é a fórmula de sucesso que levou o Nubank a conquistar um milhão de clientes em apenas dois anos. A meta era chegar a esse patamar em cinco anos. Atualmente o Nubank tem mais de 15 milhões de clientes. “Acredito que mais concorrência traz melhores preços e mais vantagens para o consumidor. Precisamos de três anos para ganhar licença de financeira, mas conseguimos e temos como proposta criar um novo relacionamento com o consumidor. Estamos crescendo dessa forma. O mercado brasileiro tem muitas oportunidades para quem está disposto a derrubar mitos”, contou.
A importância da transparência e da segurança regulatória foi o eixo da fala de Willem Sutherland, CEO do ING Bank, quinto maior banco da Europa. Segundo ele, o ING vem investindo muito em tecnologias disruptivas voltadas para a oferta de serviços online e fintechs, mantendo a simplicidade de seus produtos e a previsibilidade de custos para o consumidor e o investidor. “O ministro Paulo Guedes (Economia) mencionou acertadamente ontem aqui no BIF que há muito capital disponível no mundo. E, ao ouvir os painéis nesses últimos dois dias de evento, dá para perceber que o país está no caminho certo. É preciso ter confiança nos atores locais para que o investidor sinta segurança para trazer seu capital para cá. Transparência e segurança regulatória são dois elementos-chave”, destacou. “Acredito que o país tem se movido no rumo certo, aumentando a transparência e a atratividade para os investidores internacionais”, opinou.
As novas tecnologias e os avanços que isso traz para o consumidor e seus impactos no modelo de negócio dos bancos foram os destaques trazido pelo CEO do Bradesco, Octávio de Lazari Junior. “Discussão de novas tecnologias não é moda, é fato. E é muito sadia. Estamos todos nos preparando para um novo modelo de negócio no Brasil e no mundo, em que a rentabilidade dos bancos será menor, mas surgirão novas oportunidades de negócios. Isso é muito sadio para o Brasil e para o povo brasileiro e é importante que essa abertura do mercado esteja sendo incentivada pelo Banco Central”, disse Lazari Junior.
O presidente do Banco Central fechou o painel reforçando que as mudanças são importantes porque fazem parte de um projeto de governo em que o Estado apenas dará as condições necessárias para o setor privado promover as mudanças que a sociedade precisa, atendendo aos consumidores, com liberdade econômica. “O papel do governo não é dizer o que tem que ser feito, é promover a regulação saudável do mercado para que as empresas possam atender com presteza aos desejos dos consumidores brasileiros”, encerrou.
Confira a íntegra do painel aqui: